terça-feira, 27 de abril de 2010

O bom serviço da EMEL
















"A missão principal da EMEL – Empresa Pública Municipal de Estacionamento de Lisboa, E.M. tem como objecto a gestão da concessão do estacionamento público no Município de Lisboa, estacionamento esse integrado no sistema global de mobilidade e acessibilidades definidos pela Câmara Municipal de Lisboa. Ou seja, a construção, gestão, exploração e manutenção de locais de estacionamento público, bem como a elaboração e promoção de estudos e projectos de estacionamento, mobilidade e acessibilidade urbana".

Esta é a descrição da 'missão' que a EMEL apresenta na sua página da internet. Mas será que não se preocupam minimamente com a segurança dos veículos que estão nos seus espaços? A única coisa que importa é passar multas e ganhar dinheiro?

Se não é, parece. Pelo menos nalguns casos. Digo isto porque me lembrei de uma situação, ocorrida há exactamente uma semana, e sobre a qual ainda não tinha falado aqui.

Estava eu a sair do jornal, por volta das 16h00, quando encontrei o meu amigo Toninho à porta do 'Record', onde ele trabalha actualmente. Ficámos um bocado na conversa, sobre os trabalhos desenvolvidos ultimamente.

Nos estacionamentos em frente ao edifício, um dos funcionários da EMEL começa a fazer a sua ronda e a passar os tão conhecidos papelitos que ninguém gosta, e a deixá-los nos para-brisas dos veículos aí estacionados.

Nisto, mesmo à nossa frente, uma pessoa entra no seu carro, mesmo antes do fiscal chegar até ele, de forma a evitar uma multa, já que o funcionário da empresa de estacionamentos estava mesmo no veículo que o antecedia.

Na pressa de sair do local, o condutor faz marcha-atrás e dá uma forte panada no veículo em que o fiscal se concentrava. Ora o funcionário viu tudo (tenho a certeza que o viu pois sobressaltou-se com o impacto) e o que fez? Nada! Ou melhor, acabou de escrever o seu papelito e colocou-o no pára-brisas do carro. Quanto ao condutor, saiu do local com tanta velocidade quanto lhe era possível. Multar e bloquear carros é com eles, agora preservar a segurança dos veículos que estão nos seus espaços já não. O dono deste veículo, para além de uma possível amolgadela, ganha ainda uma multa, que é para aprender a não deixar o ticket do estacionamento caducar.

Se eles não se preocupam com a protecção porque devem os condutores preocuparem-se com o pagamento?

Há cerca de 15 dias multaram a EMEL por ter aumentado a carga horária dos seus funcionários. Pois parece que alguns destes fiscais decidiram resolver o problema de outra forma, e deixar de se preocupar com os veículos. Já que têm que fazer mais horas, pelo menos que seja sem chatices, fazendo vista grossa a incidentes como este.

Só tenho pena de não ter filmado tudo...

A crise em Portugal

Hoje fui com uma colega assistir à conferência de imprensa da 80.ª edição da Feira do Livro de Lisboa, no Parque Eduardo VII. Não vou falar sobre a conferência em si, pois para saberem as novidades para o certame deste ano podem sempre consultar o jornal ou o site do CM amanhã. Vou falar sim de outro caso.

Quando já estávamos a regressar ao jornal, atravessar o jardim, em direcção oposta ao Marquês de Pombal (como quem segue para a Alameda Cardeal Cerejeira), deparámo-nos com algo, no mínimo estranho: um oficial da GNR alimentava dois cavalos com as sebes que ornamentam o local.

Posso estar muito desactualizado, mas penso que esta não é uma inovação da jardinagem! Claro está que tivemos que fotografar e até mesmo fazer um pequeno vídeo com o telemóvel, no qual se pode ver (não muito bem, porque não nos podíamos aproximar para não perturbar a alimentação dos bichos) os animais entretidos a arrancar pedaços das sebes.

Ora aqui está uma bela forma de preservar as zonas da capital. Será que é hábito ou é uma nova medida que já vem abrangida pelo novo PEC, para fazer face à crise que vivemos actualmente?


sábado, 24 de abril de 2010

Fantasmas do passado

Nos últimos dias tenho andado a pensar se a minha mente me anda a pregar partidas. Não, não estou a ficar louco. O que se passa é que, pela segunda vez esta semana, vi uma daquelas pessoas que, por minha vontade, seria banido da minha vista para sempre.

Podem pensar: mas isso é normal, encontrar no dia-a-dia pessoas conhecidas, entre as quais algumas que se gosta menos.

Neste caso não será tão normal, tendo em conta que a dita personagem personagem vive a quase 200 quilómetros de distância. Será que é perseguição ou algum tipo de premonição? O que é certo é que o assunto entre a minha pessoa e esta personagem ainda não está resolvido, pelo menos para mim.

Comecemos pelo princípio, às razões que levaram a este conflito. Já lá vão quatro anos (e no entanto parece que já foi há muito mais tempo).

Havia uma rapariga (há quase sempre uma rapariga que faz despoletar uma situação semelhante) que, até então, pertencia ao mesmo grupo de amigos que eu. Entre todos combinámos alugar um apartamento para férias. Como o pagamento de parte da renda tinha que ser paga antecipadamente, ficou decidido que todos contribuiríamos com uma metade do total respectivo a cada a um e, um ponto importante nesta decisão, o dinheiro dado dessa primeira 'prestação' não seria devolvido caso uma pessoa desistisse, ficando como caução, de maneira a que os outros membros não tivessem que pagar mais. O montante final seria pago apenas quando já estivéssemos na casa.

Acordo feito, todos concordámos. No entanto, poucos dias antes da viagem para o local alugado, a dita rapariga desistiu, tanto quanto sei, influenciada por alguém (com quem nem tínhamos muita ligação) que lhe disse que não deveria ir connosco. Relembrou-se o acordo estabelecido antes e eis que começa a revolta: ela queixa-se à pessoa que lhe disse para não ir, referindo que não lhe seria devolvido o dinheiro. Foi levantada então a questão sobre o que fazer: devolver-lhe ou não a caução?

O Luís foi um dos que prontamente se opôs a tal sugestão! Não era pelo dinheiro em si mas pela honra, por um acordo previamente estabelecido. Posso dizer muitos disparates ou cometer erros na vida, mas se há coisa odeio é o não cumprimento de um acordo, faltar com a palavra!

Decisão final entre os restantes membros do grupo: não há devoluções para ninguém.

Mais uma vez se pronunciou a personagem (que ainda não referi, mas que já devem ter percebido que era o namorado da rapariga). E foi então que ele cometeu um erro: ameaçar-me de morte. A mim e aos meus. E por mais que isto possa parecer infantil, encarei a ameaça como séria, tendo em conta os amigos dele, com quem eu já tinha tido algumas desavenças no passado, algumas das quais recorreram mesmo a armas para marcarem a sua vontade.

No fim as ameaças ficaram-se por isso mesmo, apenas ameaças. Mas para mim o assunto ficou por resolver. Na altura pensei confronta-lo, ver até onde iria a sua coragem. O confronto físico não me assustava e tive o cuidado tratar das coisas de modo a que amiguinhos dele não se envolvessem. Queria vê-lo "baixar a crista", "amansar". Em termos físicos eu era superior. Embora mais novo, contava já com os benefícios que recebera da natação e dos treinos diários (na altura pensava concorrer à Academia Militar): força e rapidez.

Conseguiram acalmar-me antes que algo acontecesse. O assunto esmoreceu, mas não morreu. O que mais detesto são traições, sou incapaz de perdoá-las. Este caso não é excepção: uma amizade traída, com mais um tipo que se meteu ao barulho.

Para muitos tudo isto pode parecer muito estúpido mas traições são sempre traições. Nunca devem ser esquecidas!

O facto de voltar a encontrar esta personagem, desta feita tão longe de onde deveria estar, e apenas a uns quarteirões do local onde passo a maior parte do tempo todos os dias, não me tem deixado propriamente satisfeito e faz-me recordar todos os assuntos que ficaram pendentes. Alguns destes mais graves, os quais marcaram etapas da minha vida, de tal forma que não consigo sequer falar sobre eles, embora já tenham passados mais de 10 anos desde que ocorreram.

Fantasmas do passado que regressam para me assombrar. Pensamentos que me atordoam, pesadelos que não tinha há quase 15 anos. Um acontecimento que activou outros que estavam resguardados nos recantos da memória.

Só uma coisa me irá aliviar de todos estes pensamentos. Algo que me ajudou muito no passado e há bastante tempo que não o faço: correr. Correr até não poder mais. Correr sem destino, apenas pelo prazer de exercitar as pernas, sentir o ar a bater na cara, o suor a escorrer do cabelo... A melhor forma de tranquilizar a mente e tomar as decisões correctas.

Apenas correr...

domingo, 4 de abril de 2010

O prazer da leitura

Acabei de ler 'A Porta dos Infernos' de Laurent Gaudé. Não é um livro mau de todo.

Comprei-o há cerca de um mês quando o encontrei nas estantes que mostram os destaques da semana do Modelo. O título chamou-me a atenção, pelo que decidi ver a contra-capa e ler a sinopse.

"A caminho da escola, levado pela mão do pai, Pippo é atingido por uma bala perdida no meio de uma refrega das máfias de Nápoles. Matteo e Giuliana, os pais, passam a viver obcecados pela vingança - mas Matteo não consegue a coragem necessária para abater Cullaccio, o responsável pela morte do seu filho."

Uma história que contenha vingança e máfias é, desde logo, tentadora. Não resisti e lá despendi cerca de dezena e meia de euros. Mais um livro para juntar aos que 'enfeitam' o meu quarto e esperam pacientemente pela sua vez para serem abertos... No entanto, nesse fim-de-semana, antes de voltar a Lisboa, sabe-se lá porque razão, decidi colocar esta obra na mochila, junto com o portátil. Tenho vários nas estantes do quarto na capital mas achei que este devia acompanhar-me. Mas não o comecei a ler e ficou a 'ganhar pó' ao lado dos outros.

Alguns dias depois emprestaram-me o 'Leopardo', de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Sinceramente, já não lia um livro há algum tempo, entre o tempo que passo no jornal e o que passo em casa na internet. Já não me lembrava do prazer da leitura. O 'Leopardo', um bom livro por sinal (fala sobre as decisões que um príncipe que é obrigado a aceitar as mudanças à sua volta, no fundo para que nada mude na sua vida), trouxe-me à lembrança a necessidade de perder mais tempo com livros e menos com o computador e os jogos.

Após ler o 'Leopardo', decidi perscrutar o que poderia seguir-se... Voltei a pegar na 'Porta dos Infernos'. A decisão estava tomada, era essa "a próxima vítima".

As primeiras páginas prendem a atenção do leitor, embora a escrita de Gaudé pareça um pouco estranha, com frases curtas e o recurso a pensamentos das personagens, e até mesmo discurso directo sem a devida indicação, quase ao estilo de José Saramago, que apenas recorre a vírgulas.

O livro começa com a preparação de uma vingança, a mutilação de outro ser humano, vê-lo perder partes do seu corpo enquanto perde sangue sobre a tumba da criança que a sua bala perdida matou. O autor da vingança, que muitos pensariam ser o pai de 'Pippo', é, no entanto, o próprio 'Pippo'. Só algumas páginas mais tarde se percebe como isto é possível, como morreu em 1980 e está ali, 21 anos mais tarde, a mutilar o autor do disparo que vitimou.

O pai que não aceitou a morte do filho mas que não foi capaz de punir o assassino deste. A viagem ao Inferno para o resgatar, trocando a sua vida pela dele.

É um livro que nos faz recordar todos entes queridos que já partiram, desperta a saudade que reside dentro de cada um.

Não vou contar mais para que tenham apenas vontade de ler a história, sem que percam o interesse.

Votos de boas leituras.