sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O dia em que a terra tremeu

Ontem foi um dia que ficou marcado por um sismo que abalou tudo, um pouco por todo o país. Um abalo de grau 6,0 na escala de Richter que durou aproximadamente dois minutos (seguido de várias réplicas inferiores - a maior rondou 3,3 na escala de Richter), o tempo suficiente para assustar muitos portugueses, especialmente os que viveram o sismo de 1969.

Em '69 os danos foram visíveis, com algumas casas a desabar parcial ou totalmente, mas desta vez não há registo de grandes estragos... Apenas umas falhas eléctricas no concelho de Lagos.

Não passou de um susto provocado pelo movimento das placas tectónicas da Euroásia e de África, 140 quilómetros a oeste do Cabo de São Vicente, de acordo com os dados do Instituto de Meteorologia. Ora perto desse ponto localiza-se a falha do Marquês de Pombal, a mesma que foi responsável pelo famoso terramoto de 1755, levando à destruição da Baixa de Lisboa, juntamente com milhares de mortes, em especial devido maremoto gerado depois deste.

Infelizmente teremos cada vez mais sismos, pois as placas estão em constante movimento... Basta ver por exemplo que os Himalaias não existiam há uns milhões atrás, tendo surgido devido ao movimento da Placa Indiana com a Euroásia, se não estou em erro.

Para além do Algarve, penso que existem mais dois pontos do País que devem estar mais preparados para este tipo de acontecimentos geológicos: Açores e Alentejo.

Os Açores contam com a presença de três placas: Euroásia, África e Americana. Pode ser uma triângulo perigoso, um 'Triple Threat'. Prova disso são as actividades sismológicas, de baixo grau, sentidas constantemente nas ilhas açoreanas.

Quanto ao Alentejo, é percorrido pela Falha da Messejana, no sentido noroeste-sudeste, uma transversal à falha a sul do Algarve.

Outra coisa que quero destacar aqui é algo que considero uma idiotice: a criação de um grupo na rede social facebook com o título 'Eu sobrevivi ao terramoto de 2009'. Do meu ponto de vista, trata-se de uma falta de respeito para com todas as vítimas, ou familiares das mesmas, que sofreram devido a sismos. Utilizar algo que poderia ter sido devastador como uma brincadeira não será a forma mais correcta de lidar com o assunto. Lembrem-se de todos os que passaram pelo terramoto de 1969 antes de criar 'brincadeiras' do género, pois certamente eles não irão achar tanta piada.

Termino este post com um agradecimento especial a David Mendes, meu professor de Ciências da Terra e da Vida no secundário, que me transmitiu os conhecimentos de geologia indispensáveis para perceber os acontecimentos da noite passada.

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