quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O paradoxo

Esta manhã, pouco depois das 11h00, o meu telemóvel tocou. Olhei para o visor e li 'número bloqueado'. Ainda pensei em não atender, mas o trabalho estava tão calmo, que decidi aceitar a chamada.

Era um daqueles tipos a fazer estudos de mercado. Uma batelada de questões sobre a situação profissional/pessoal.

A conversa durou uns dez minutos, durante os quais respondi a tudo e mais alguma coisa, quase sem hesitações. Porém, no final, a pessoa que estava do outro lado da linha deixou-me sem saber o que dizer. A questão pode parecer simples, mas a resposta não o é. Eis o que me perguntaram: "Neste momento, se pudesse voltar atrás, mudava alguma coisa?".

O primeiro impulso foi dizer 'sim'. Mas durante um nanossegundo, a mente viaja e consegue pensar em milhares de coisas. E aí surgiu também um 'não', porque se tentasse corrigir alguns erros, talvez cometesse alguns mais graves. Se não tivesse errado, não teria aprendido, não teria a experiência necessária para os reconhecer enquanto erros. 

Na noite anterior, vi no AXN um episódio da série 'Teoria do Big Bang'. Embora seja uma série cómica, tem alguns conceitos científicos que não podem ser colocados de lado, ou não fosse esta uma série com vários nerds/geeks como personagens. 

No episódio em questão, Sheldon Cooper (interpretado por Jim Parsons) explica a Leonard (Johnny Galecki) os problemas que podem surgir se alguém viajar no tempo para corrigir os seus erros. É qualquer coisa como o seguinte:
Se alguém viajar até ao passado com o objectivo de alterar um evento para mudar o presente, assim que concretizar o seu objectivo, o motivo pelo qual se viajou deixaria de existir, e consequentemente a viagem também. Ou seja, a alteração não tem efeito.

Confuso? Talvez seja um pouco. Resumindo, se algo me fizesse voltar atrás para modificar um evento, esse evento não teria as mesmas consequências no presente que motivassem a viagem no tempo, pelo que a viagem não se realizaria. Sem viagem, o evento não era alterado e mantinha-se tudo igual. Cria-se, assim, um paradoxo. 

Tudo isto me passou pela cabeça após a questão colocada ao telefone. Assim, sem saber o que dizer, respondi: "Não sei. Talvez". Ao que me responderam: "Então concorda parcialmente. Ok. Muito obrigado pelo seu tempo. Bom dia e bom feriado". 

Este texto serve apenas para dizer que não devemos querer alterar o passado. Esse está feito. Foi esse passado que nos trouxe até aqui, que nos deu experiência e conhecimento. Se gostava que algumas coisas tivessem sido diferentes? Gostava. Mas foi graças ao erros que aprendi. Se não os tivesse cometido, provavelmente cometê-los-ia no futuro.

O que importa é o presente, com os olhos postos no futuro...

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