quarta-feira, 23 de junho de 2010

Como que em jeito de homenagem...

23 de Junho de 2009. Foi nesse dia, faz hoje exactamente um ano, que cheguei ao jornal. Com receio do que poderia encontrar, em especial por sentir que poderia não estar preparado para desempenhar as tarefas que me fossem exigindo.

Ainda assim a vontade de aprender mais, de poder estar entre os melhores no que faço, motivou-me para trabalhar mais, sugerir ideias. Claro está que contei com a ajuda de várias pessoas (em especial da secção de Cultura em que estava inserido, mais tarde no desporto e no online).

O desejo de querer sempre melhorar os meus trabalhos, perceber o que se pode mudar teve as suas vantagens, com o enriquecimento a nível de conhecimentos. No entanto, trouxe também a necessidade de maiores sacrifícios, como alguns alguns amigos me fizeram notar, por estar menos vezes disponível para eles e até mesmo para a família.

O cansaço por vezes acumula-se, as saudades das pessoas e dos tempos em que podia estar mais livre perpassam pela mente, especialmente quando me dizem: "epá nunca vens cá para estar connosco".

Muitos poderiam ir abaixo com tudo isto. Mas não eu. Não porque sou mais forte que outros mas sim porque há algo que me faz ter energia todos os dias, que me faz acordar e ir trabalhar e levar a informação a todo o País (ou mesmo aos que estão lá fora).

O facto de poder estar onde estou é o cumprimento de um objectivo mas também uma forma de homenagem a uma pessoa muito especial. Infelizmente, meses antes de terminar o curso perdi uma das pessoas mais importantes, o meu avô. Lembro-me de receber a notícia da sua morte, de recordar os momentos em que passámos juntos... Foram 21 anos durante os quais sempre me apoiou, ajudou-me no que precisava, nunca me virou as costas. Sempre que lhe pedia para ir algum lugar dizia sempre que sim, por vezes até deixava as suas tarefas de parte só para poder ajudar-me.

Poder trabalhar todos os dias num jornal que ele todos os dias saía para comprar é motivo de satisfação para mim e sei que certamente ele ficaria satisfeito por saber que consegui chegar até aqui. Poder trabalhar é, assim, também uma forma de homenagear uma pessoa única, marcante.

"Murteira". É desta forma que mais sou conhecido no local de trabalho. Apesar de ser Luís Murteira Nunes a minha assinatura, o recurso ao nome intermédio é estranho, em especial porque também o meu avô era conhecido assim, o meu avô Murteira. Que melhor forma de homenagear quem me ajudou a ultrapassar alguns dos difíceis obstáculos que me foram surgindo, alguns dos quais ainda sem ter atingido os 10 anos, do que acordar todos os dias, fazer o meu trabalho, dar o meu melhor e regressar a casa com o sentimento de dever cumprido?

Sem comentários:

Enviar um comentário