Quando eu era pequeno e fazia asneiras, o castigo era quase sempre a mesma coisa: Nada de televisão ou consola (a grande Nintendo NES que ainda tenho, e a funcionar) e ainda ficava proibido de brincar na rua com os amigos. "Vais de casa para a escola e da escola para casa, directo!" Ah, e obviamente, que na cabeça dos pais o tempo de castigo deve ser ocupado com horas de estudo...
A única coisa que me safava eram os livros. Não os da escola claro. Eram os livros de aventura, de ficção, que me levavam a percorrer novos mundos, novos horizontes... Talvez tenha sido daí que me ficou o bichinho da leitura. Nessa altura, o truque era muito simples: sentado à secretária, um dos livros da escola aberto, com uma das gavetas da escrivaninha sempre aberta. O livro de aventura por cima do manual escolar e, ao mínimo ruído de passos a aproximar do quarto, guardar o livro e semi-fechar a gaveta. Nunca falhava! =) Muitos livros foram lidos assim. Mais tarde arranjei uma mini-lanterna e quando ficava de castigo ia deitar-me mais cedo, com os cobertores a formar uma espécie de tenda, não deixando a luz passar para fora, permitindo uma leitura calma.
Mas os tempos mudaram. Agora, a maioria das crianças tem maior liberdade. Libertinagem no seu ascendente máximo. Dar as famosas palmadas quando se faz algo errado passou a ser tabu! Cuidado, pode-se fazer queixa dos papás! Eu levava e se me queixasse ainda podia apanhar mais umas... Não há cá traumas ou marcas no corpo! Umas palmadas, mesmo com pouca força, impunham o respeito.
Sem poder ter esta actuação nos dias que correm, resta aos progenitores o tão conhecido "vai para o teu quarto e só sais quando eu disser!". Até os podem proibir de ver TV, mas há a Playstation Portable (PSP). Se proibirem esta, há os computadores. Se também não puderem mexer no PC (uma proibição complicada, pois os meninos podem alegar ter trabalhos da escola para fazer e depois é só ligar o jogo preferido e minimizar a janela de visualização quando entra alguém no quarto), há sempre o telemóvel para conversar com os amigos...
Os castigos hoje em dia são tudo menos o que é suposto serem: uma punição. São apenas um não faças isto mas tens milhões de alternativas! Não digo que não tenha também apanhado alguns castigos que achei injustos, até porque por vezes nem considerava grave o que tinha feito...
Quando ouvem os raspanetes, muitos até vão a rir, de tão contentes, por poderem ir para o quarto brincar sem que os chateiem...
E porquê toda esta conversa a propósito das evoluções dos castigos? Porque encontrei um pequeno cartoon na internet que mostra exactamente as mudanças do antes e do agora.
Antes eram os pais quem mandava em casa... Agora... Bem, fica a imagem que reflecte o anteriormente dito:
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