Wonderbra ao rubro em noite de Piolho endiabrado

Esta noite fui assistir ao concerto de uma banda local de Reguengos de Monsaraz, os Wonderbra. Já não via uma actuação nesta pequena cidade alentejana que me viu crescer há alguns meses. 

(André Rosário e Tiago Cardoso durante um concerto - foto oficial da banda)

Gosto bastante de ir assistir aos concertos de bandas de rock nacionais e internacionais quando actuam nos grandes palcos de Portugal, mas considero igualmente importante marcar presença, quando posso, nas actuações destas bandas de garagem, pois pode sempre ouvir-se algo novo e nunca se sabe se alguma não irá um dia dar o salto para a fama. 

Recordo-me de há um ano ter ouvido uma fantástica versão alternativa do solo de guitarra de 'Knockin' on Heaven's Door' (Bob Dylan), num show dos Wonderbra, que me deixou fascinado. Infelizmente, para mim, de cada vez que tocam este tema sai um solo diferente, pelo que raramente conseguiram repetir o feito (mas consegui filmar uma dessas raras ocasiões).

Mas, voltando à actuação desta noite. O espectáculo tinha início agendado para as 23h00, num bar local, o Classic Pub. No entanto, era já perto da meia-noite e meia quando se começaram a ouvir os primeiros acordes. Fez-me lembrar os Guns 'n Roses, que começam sempre a actuar bem depois da hora prevista (hora e meia de atraso na última passagem por terras lusitanas).

A música dos Wonderbra não era novidade para mim, pois conheço bem alguns membros do grupo e, além dos vários concertos que vi, já presenciei também algumas sessões de ensaio. Mas, desta vez tinham um novo elemento que se lhes juntou há alguns meses: André Rosário, na guitarra. 

Contrariamente aos outros concertos a que assisti, desta fez coube ao jovem membro o solo do tema de Bob Dylan (sendo que anteriormente pertenciam ao guitarrista/vocalista Tiago Cardoso), e pareceu-me bastante bem, com algumas semelhanças para com o que é feito por Slash nos Guns N' Roses, embora com menor perfeição, claro. SLASH é o SLASH e nem se estabelece comparação! Mesmo assim, o benjamim até não se safou mal na sua actuação. Mas quem parecia estar inspirado era outro André, o baterista do grupo, mais conhecido pela sua alcunha de Piolho. Apesar do ritmo bem marcado, sem falhar a batida, o som quase endiabrado da bateria 'abafou', claramente, os restantes instrumentos do grupo. Ainda assim, grande destaque para Piolho na interpretação de 'Kryptonite', dos 3 Doors Down, e do 'cheirinho' que a banda deu de 'Enter Sandman', dos Metallica. 

Numa mistura de covers de temas conhecidos no panorama nacional, como 'Sol da Caparica', dos Peste & Sida (ou mais desconhecidos como 'Agora Tentar Deixar', dos Ortigões), com outros internacionais, exemplo de 'Better Man' (Pearl Jam), e ainda alguns originais à mistura o balanço da actuação dos quatro músicos foi positivo - mesmo tendo em conta que por vezes os microfones dos vocalistas (Tiago e Duarte Dias) por vezes estivessem com um nível abaixo do necessário.

E se a banda não esteve mal, o mesmo não se pode dizer da plateia, ou melhor, a ausência desta. Infelizmente, não eram muitos os que no bar prestavam atenção, sendo que no final pouco mais de uma vintena resistia ao passar das horas. Mas a falta de público não significa má actuação.  O ambiente, saturado de fumo também não foi grande ajuda, sendo que um 'palco' maior não teria sido má ideia. A banda esteve ao rubro. Muitos foram os grandes nomes da música que já tocaram para pouco mais de uma dúzia de fãs (basta ver, por exemplo, a lista dos artistas que já passaram pela rúbrica 'O Concerto Mais Pequeno do Mundo', da Rádio Comercial). Para se chegar ao sucesso tem de se começar por algum lado... nem que seja a tocar só para uma  mão cheia de pessoas...

De 0 a 20, o concerto mereceu um jeitoso 15.

(P.S.: Quando no título é referido o termo endiabrado não é num pejorativo,  mas sim uma referência a uma boa actuação, com ritmo musical correcto, com energia durante as interpretações dos temas.)